31.3.05
Os Nutricionistas a ética e comunicação
A propósito da participação dos Nutricionistas na divulgação de ciência recordo, para ajudar à discussão, o que diz o Código de Ética dos Nutricionistas Brasileiros. Artigo 9º - É vedado ao Nutricionista: " X - valer-se da sua profissão para divulgar e/ou permitir a divulgação, em veículos de comunicação de massa, de marcas de produtos ou nomes de empresas, ligadas às atividades de alimentação e nutrição". O que acham desta obrigação ? Faria sentido em Portugal ?
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3 comentários:
Recentemente assistimos nas televisões nacionais um anúncio relativo a um alimento destinado à alimentação infantil. Este anúncio levanta questões muito importantes tais como a ética e moral da nutricionista em questão que recomendava uma marca específica. Tratava -se de um alimento que para a maioria dos profissionais da área da nutrição não devia ser recomendado no âmbito de uma alimentação saudável.
Na nossa opinião, esta atitude é lamentável uma vez que esta profissional de saúde associa-se a uma marca e recomenda-a sabendo que não é éticamente correcto.
Será que o dinheiro e a notoriedade vale mais que a ética e nossa moral??
Catarina Mouronho e Mónica Faria
Na verdade, este é um tema que tem gerado acesas discussões entre nós! Até que ponto é correcto “vendermos” conselhos associados a uma marca?
E se essa marca for de um preço elevado e o consumidor deixar de consumir produtos tão ou até mais saudáveis para consumir o que o “Sr. Nutricionista” recomenda? E se, por outro lado, nunca nos associarmos a marcas? Teremos algum dia a possibilidade de trabalhar em empresas e aumentar a qualidade nutricional dos produtos que serão, inevitavelmente, consumidos?
Se estivermos fechados e nos escusarmos a entrar numa das coisas que mais move o consumidor “A Publicidade”, quase sempre lançada por marcas, então estamos a perder um dos veículos mais potentes para chegar ao consumidor…Ora, até que ponto é que faz sentido que, tendo tantas dificuldades em implementar políticas de alimentação saudável percamos uma oportunidade destas?! Sabemos que a publicidade é, nas sociedades modernas, um factor importantíssimo na hora das compras…
Até que ponto é correcto recomendar o consumo de “Danoninho”, como também já foi referido por outras colegas, quando a obesidade infantil é um problema tão grave em Portugal? O leite também é rico em cálcio e as tais “bases para se crescer forte e saudável”, para além de ser um produto bem mais barato. Mas, a verdade é que esta forma de comunicar chegou, com certeza, a muito mais pessoas, do que um bom número de sessões e campanhas alimentares em escolas para os pais… É que, uma coisa é ter de sair de casa para ouvir o Nutricionista e deixar de ver a novela e outra é ouvir falar de nutrição no intervalo da novela!... :o)
E quem sabe se um dia até convencíamos os produtores das novelas televisivas a falar da importância da fruta quando os personagens fazem cenas de refeições? :o)...Nunca se sabe colegas! Temos de aceitar que as audiências são bons indicadores de que uma boa parte da população nos ouvia.
P.S- Não vou dizer o canal em que dá, para não ser tendenciosa :o), mas vejam a Senhora do Destino que é uma grande produção! ;o)
5 pontos e uma questão a adicionar a esta discussão:
1º - hoje, após uma sessão de alimentação saudável numa escola, fiquei a saber que a determinada altura do ano os pais pediram/exigiram que o iogurte servido na sobremesa fosse o "danoninho"
2º - o "danoninho" foi recentemente publicitado pela Dra. Alexandra Bento na televisão.
3º - a Dra. Alexandra Bento, que na referida publicidade identifica-se como nutricionista, é presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN)
4º - a Dra. Alexandra Bento deu-me no ano passado uma aula de ética e deontologia na profissão de Nutricionista.
5º - se hoje eu ou qualquer director de uma empresa farmacêutica sabe quem é o Dr. Pedro Nunes, não é por ele ser médico mas sim por ser o mais alto responsável da associação profissional dos médicos.
questão - se amanhã o Dr. Pedro Nunes aparecer na televisão a fazer publicidade a um medicamento, e daí tirar proveitos financeiros próprios, poderá alegar que foi escolhido apenas por ser médico?
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