8.5.05

"O drama de ser gordo "

Leio a Crónica de Laurinda Alves sobre o drama de ser gordo na XIS de 7 de Maio. " Ser diferente numa sociedade que se pretende de iguais chega a ser perverso e pode revelar-se extraordinariamente doloroso, especialmente quando a diferença tem a ver com o excesso de peso" (...) e os parágrafos sucedem-se alertando para o calvário dos obesos e a idolatria das aparências. Começo a ouvir cada vez mais esta mensagem por todo o lado, em especial nos "filmes animados" onde se começa a lavar a imagem do obeso.
Depois do interesse em lutar contra a obesidade na década de 70 e 80 por parte da comunidade médica, existe uma corrente actual mais a favor da protecção dos obesos (cada vez mais os mais pobres) do que em prevenir este problema de forma séria. O que se passa é que em alguns países do mundo como nos EUA já se chegou à conclusão que lutar contra a obesidade, prevenindo-a, é lutar contra a economia. Lutar contra a obesidade significa a regulação dos refrigerentes, da publicidade na televisão, da "fast-food", da comida escolar, da comida dos shoppings. Enfim... é um atentado à liberalização... Este discurso a favor de alguma regulação do Estado na área alimentar é bem ao gosto de alguns países Nórdicos e também dos Franceses. Receio bem que a "economia" não goste da palavra "Regulação" e menos ainda da alusão aos "Franceses".
E já agora, para quê tentar integrar os indivíduos obesos e com excesso de peso nos EUA quando eles são já a maioria avassaladora da população ?

1 comentário:

Anónimo disse...

Fica até "bem" comentar a problemática da obesidade apenas do ponto de vista estético e social.... “ (...) extraordinariamente doloroso (...) numa sociedade que se pretende de iguais” será que pretendemos uma sociedade de iguais ou pretendemos uma sociedade de pessoas saudáveis?
Enquanto pessoas como a autora deste texto (com todo o respeito que tenho por Laurinda Alves) não entenderem que, mais do que uma questão de estética, a obesidade é um problema de saúde pública, então esta problemática torna-se ainda mais estigmatizante, pois o único problema dos gordos é não serem pessoas atraentes...e não pessoas doentes que, tal como tantas outras, precisam de ajuda para se tratarem.
Será que o obeso “abandonado pela sociedade” precisa que lhe digam que é um coitadinho e que a única solução para o seu problema está na mudança da mentalidade da sociedade? Ou, por outra, que a solução para o seu problema está na assistência por profissionais de saúde que o ajudem a “parar de comer”?!
Qual é o sentido de estarmos a educar as pessoas para a saúde e de depois virem jornalistas que nada percebem de alimentação falar sobre obesidade como quem fala de racismo?!
O Problema maior é que de facto percebem bem mais do que nós de comunicação... Este artigo com certeza que conseguiu fazer mais obesos desistirem de fazer dietas equilibradas, do que nós conseguimos que os mesmos obesos pensassem seriamente nessas mesmas dietas! Este é mais um motivo para as nossas campanhas falharem...Contudo, talvez não fosse mal pensado tentarmos entra na XIS...Comentários sobre nutrição, a cada semana um tema diferente...