Mais uma notícia sobre a gripe das aves que não deixa os consumidores sossegados.
Carne de frango segura em Portugal
A Direcção-Geral de Veterinária (DGV) reafirma não existir qualquer problema em consumir carne de frango em Portugal. O director-geral de Saúde explicou como é que o vírus mais perigoso da gripe das aves pode vir a tornar-se contagioso entre humanos, o que ainda não acontece.
TSF 19:50 / 22 de Fevereiro 06
A carne de frango é segura em Portugal. A garantia foi avançada no Parlamento pelo director-geral de Veterinária, Agrela Pinheiro, que fez esta quarta-feira uma sessão de esclarecimento aos deputados.
«As carcaças que consumimos passam por um matadouro. A inspecção sanitária é do Estado e todos os animais que passam na linha de abate são sujeitos a uma inspecção, um a um»,garantiu.
O responsável salienta, assim, que os consumidores portugueses podem confiar na segurança alimentar dos produtos nacionais, mas realça que o cenário pode tornar-se mais problemático.
«A possibilidade de acorrer a todas as situações num cenário mais complexo depende da capacidade de detecção precoce da doença. É evidente que atacar vinte focos é mais difícil do que apenas um», afirmou.
De qualquer forma, Agrela Pinheiro adiantou que estão a ser tomadas todas as medidas possíveis para prevenir o pior e já estão operacionais 47 equipas, de veterinários e técnicos auxiliares, para proceder ao abate de aves caso se venha a justificar.
Para além deste profissionais, o director-geral de Veterinária explicou que, em caso da situação se complicar, será preciso contar com a colaboração de uma «rede de médicos veterinários municipais para fazerem o exame das diferentes explorações».
Pergunta simples na cabeça do cidadão que não acredita na omnipresença dos inpectores veterinários nem nos sistemas de controlo: A carne que consumimos em casa se estiver contaminada pode transmitir a doença aos seres humanos ?
22.2.06
21.2.06
Pânicos e ambiguidades próprias das coisas novas
A ambiguidade própria da ciência é por vezes a maior amiga do pânico ou então os jornalistas são pouco sensatos ao escreverem o que escrevem. Lendo a frase abaixo indicada, qual destas afirmações subscreveria ?
In Público - Dossier Gripe das Aves
"A Agência Europeia de Segurança Alimentar (AESA) anunciou hoje que "não há provas que sugiram, até à data, que a gripe das aves possa ser transmitida aos humanos através do consumo de alimentos" derivados das aves. Ainda assim, a agência europeia sublinha a necessidade de se cozinhar bem os alimentos.
De acordo com a agência da União Europeia dedicada à segurança alimentar, não há dados que corroborem que haja perigo para a saúde pública no consumo de carne de aves ou ovos. Assim, a AESA, sedeada em Parma (Itália), indica que não haverá alterações aos conselhos vigentes relativamente ao consumo de produtos aviários, embora avise que a possibilidade de tal acontecer não poder ser excluída.
A agência europeia volta a frisar, em comunicado, a importância de se cozinhar bem a carne e os ovos, para proteger os consumidores de quaisquer intoxicações alimentares, conselho que já se aplicava antes da crise sanitária da gripe aviária e que agora é reforçado. A exposição destes alimentos a elevadas temperaturas, de qualquer forma, "neutralizaria o vírus [da gripe das aves] e eliminaria este risco potencial".
In Público - Dossier Gripe das Aves
"A Agência Europeia de Segurança Alimentar (AESA) anunciou hoje que "não há provas que sugiram, até à data, que a gripe das aves possa ser transmitida aos humanos através do consumo de alimentos" derivados das aves. Ainda assim, a agência europeia sublinha a necessidade de se cozinhar bem os alimentos.
De acordo com a agência da União Europeia dedicada à segurança alimentar, não há dados que corroborem que haja perigo para a saúde pública no consumo de carne de aves ou ovos. Assim, a AESA, sedeada em Parma (Itália), indica que não haverá alterações aos conselhos vigentes relativamente ao consumo de produtos aviários, embora avise que a possibilidade de tal acontecer não poder ser excluída.
A agência europeia volta a frisar, em comunicado, a importância de se cozinhar bem a carne e os ovos, para proteger os consumidores de quaisquer intoxicações alimentares, conselho que já se aplicava antes da crise sanitária da gripe aviária e que agora é reforçado. A exposição destes alimentos a elevadas temperaturas, de qualquer forma, "neutralizaria o vírus [da gripe das aves] e eliminaria este risco potencial".
Governo discute a Gripe das Aves
A gripe das aves tem vindo a fazer as primeiras páginas por esta Europa fora. Desde a Ásia até à Turquia, Roménia, Grécia, Alemanha, Espanha o perigo parece aproximar-se dolorosa e irreversivelmente. Os consumidores desinformados e preocupados começaram entretanto a baixar o consumo. As quebras no consumo estão na casa dos 10 %. Portugal e outros Estados Membros pretendem que o a UE intervenha no mercado com ajudas se a quebra ultrapassar os 30 %. Assim se discute este assunto nos jornais económicos. Mas a questão permanece. Existe ou não risco para os humanos através do consumo de aves infectadas ? Alguém encontra um texto com qualidade nos media portugueses sobre esta questão ? O que têm dito os nossos responsáveis políticos ? O que tem dito a comunidade científica ? O que se tem escrito nos principais jornais ?
Muita economia e pouco espiríto prático ou estas questões de indefinição científica são mesmo assim ? E sendo assim não contribuem para que se venda mais ?
Muita economia e pouco espiríto prático ou estas questões de indefinição científica são mesmo assim ? E sendo assim não contribuem para que se venda mais ?
6.2.06
Gostei tanto que reproduzo na íntegra
O riso ou o esquecimento
A caricatura publicada ontem pelo Le Monde apresenta de forma nítida o que está em causa na polémica dos cartoons. Plantu figurou uma mão que escreve repetidas vezes «je ne dois pas dessiner Mahomet», mas que, através das frases, acaba precisamente por desenhar o interdito. No topo do lápis utilizado, institui‑se a atenta vigilância muçulmana. Não se pode dizer que este diário seja conhecido por algum tipo de deriva populista, nem a argumentação de que é francês serve para encostá‑lo a qualquer espécie de jacobinismo primário. A questão é outra, para lá da eventual má opção editorial do jornal Jyllands‑Posten ou do modo desastrado como o governo dinamarquês lidou com as primeiras reacções de protesto à publicação das doze caricaturas, a questão que Plantu tão bem coloca é a da subtil difusão da autocensura, dissimulada na lógica do bom senso e do respeito pelas diferenças entre povos. Um princípio inalienável do que, com maior ou menor propriedade, nos habituámos a designar por civilização europeia é o humor. Foi também porque ousaram activar o riso que alguns dos seus mais nobres representantes foram perseguidos, tendo encontrado mesmo nos compatriotas os piores algozes. Bastaria citar o caso de Rabelais, um dos fundadores do romance moderno, para se compreender do que estou a falar. As situações recentes de artistas perseguidos por blasfémia são deveras conhecidas. Ora, o que distingue a situação presente da vivida por Rushdie após a publicação de The Satanic Verses, por exemplo? É preciso lembrar que aqui não pode estar em causa um critério de avaliação estética da obra, mas apenas o direito vincadamente europeu a tudo questionar. Nesse caso, a resposta só pode ser que nada distingue uma situação da outra, tal como as duas se podem equiparar ao assassinato, em 2004, do realizador holandês Theo van Gogh, autor do filme Submission, que aborda a violência exercida sobre as mulheres em sociedades islâmicas. Entre nós, pode recordar‑se o grotesco episódio protagonizado pelo presidente de uma câmara municipal, que tentou impedir a exibição de Je Vous Salue Marie, de Godard. Podem os europeus assistir sentados às tentativas de condicionar a liberdade de pensamento e de reflexão crítica sobre todos os temas, permitindo, assim, que seja questionado um pilar essencial da concepção de mundo que nos demorou séculos a construir e que teve muitas fogueiras de permeio? Pedir desculpa pelas caricaturas é, em qualquer circunstância, esquecer ou renegar a ideia de sociedade aberta que fomos fundando ao longo de tanto tempo. Como poderíamos, depois, voltar a ler Giordano Bruno ou Cervantes sem um terrível peso na consciência?
posted by João Paulo Sousa at 11:04 AM
Subscrever:
Mensagens (Atom)